domingo, 9 de outubro de 2016

Aceita vai, que dói menos!


Tem exatos 20 dias que voltei ao Brasil depois de 4 meses vivendo no Canadá.
Sim, vivendo é a palavra mais adequada, porque viver é diferente de visitar, de passear, de conhecer os pontos turísticos. Viver é estar ali “na alegria e na tristeza; na saúde e na doença; amando e respeitando…as diferenças.”
Viver, com toda sua essência e com toda sua alma, seja em um lugar; com alguém ou alguma situação requer algo que se chama aceitação.

A gente muitas vezes associa aceitação com sofrimento, com dor e “ranger de dentes”, mas que fique claro que quando falo de aceitação, nada tem a ver com omissão, com submissão ou apatia. 
Não é empurrar as coisas com a barriga e rezar para que um dia, quem sabe, as coisas se ajeitem.
Aceitação também não é evitação, pelo contrário, é olhar aquilo (estou falando de comportamentos, situações, atitudes...), entender, avaliar se aquilo “cabe” verdadeiramente na sua vida e simplesmente aceitar!

Mas, então porque mesmo que a aceitação tem a sombra do sofrimento e da dor????
Tem quando não é uma aceitação real, que vem do coração. É aquela aceitação provisória, somente para que a gente tenha tempo suficiente de mostrar ao outro o quanto “aquilo” é inaceitável e então, ele magicamente mudar. 
A gente só teima em se esquecer de um pequeno detalhe…ninguém muda, nada muda, porque a gente quer; porque a gente acha; porque a gente pede; porque a gente chora e diz que vai cortar os pulsos!

Qualquer um, pode ter 8 ou 80 anos, só vai mudar algo quando (e se) entender que deve mudar. Nãããooo!!!!!!! Isso é inaceitável!!!!!! E a gente coloca a nossa capa de super herói e vai “salvar” o outro de seus comportamentos, suas escolhas, suas atitudes…Vai salvar o outro da vida que ele escolheu viver…. 
E aí meu querido, minha querida, não tem jeito, bem vindo ao sofrimento e à dor do herói incompetente! Então minha humilde recomedação para nós é: aceita, que dói menos!

E sabe uma coisa que aprendi (demorou um mucado, mas antes tarde que nunca!), que quando a gente aceita algo que incomoda, a gente se aceita melhor também. A gente aceita que nossos super poderes servem no máximo para mudar as nossas próprias ideias e ainda assim quando a gente entende que devem ser mudadas.
E percebe que muitas vezes aquilo que incomodava tanto, vai se tornando tão pequeno diante de coisas tão maiores, que simplesmente pode ser resignificado, pode ser aceito verdadeiramente.

Fui de coração aberto, disso nunca tive dúvidas, mas hoje posso dizer que viver no Canadá por 4 (maravilhosos e intensos) meses só foi possível porque eu aceitei aquele lugar; aquelas pessoas; aquela situação de corpo e alma.
Aceitei cada detalhe, cada sorriso que cruzou por mim na rua ou cada pedra que apareceu pelo caminho. Aceitei cada raio de sol e cada gota de chuva; aceitei a música, a comida, o jeito de quem vive ali.

Aceitei a aceitação e sabe que doeu bem menos?!?! Na verdade nao teve dor, só teve a delícia de ser (e deixar que o outro seja) o que é.


Se cuida e Let it be!