Quem vive no Rio de Janeiro
já está respirando esta atmosfera de Jogos Olímpicos há um bom tempo,
principalmente a parte chata e incômoda (mas necessária) das obras. É aquela
história de que todo mundo adora uma casinha reformada, novinha, bem decorada,
mas estar ali “comendo poeira” todo dia enquanto a reforma acontece, não é mole
não.
Mas mesmo “comendo poeira”
eu ficava feliz quando via as obras tomando forma; triste quando ouvia
histórias de atrasos, problemas e riscos de descumprimento de prazos e muito
animada quando me candidatei para ser voluntária nos jogos. Sabia que seria uma
grande festa!
E porque a vida acontece e
a gente não tem o controle de tudo (e eu não gosto muito disso, bato no peito e
confesso, porque sou uma controladora em tratamento), esta viagem acabou esbarrando
no período dos Jogos Olímpicos e estou acompanhando a festa de longe
(#invejabrancadequemestala).
Pois bem… Tem quem gosta,
quem odeia. Tem quem mete o pau e tem quem elogia. Têm os mais sensatos, os
reflexivos e têm aqueles que misturam lé com cré. Tem de “um tudo” minha gente
e eu bem queria estar lá no “olho do furacão”, mas não estou e como tudo, isto
também tem um lado bom.
E o bom é poder olhar de
fora, um olhar estrangeiro, forasteiro. Um olhar justo, crítico, mas ao mesmo
tempo generoso e sem ranço. Um olhar (quase) isento!
Por aqui estamos em pleno
verão!
Sol, camiseta, praia,
pernocas de fora, biquini e sunga tirados do fundo do armário. Luz do sol até nove da
noite, muitos sorrisos pela rua e leveza no ar…
Pode parecer pouco, pra
gente que tem isto o ano todo, mas é muito, muito importante para quem convive
com o frio ¾ do ano.
É uma época linda! Cinema
ao ar livre; eventos de música; picnic no parque… Todos que estavam hibernando
acordam, inclusive os sonhos, os planos, a esperança.
As pessoas sorriem mais,
se encontram mais, se alegram com muito menos. É a vitamina D em ação!
Tenho escutado muito uma
frase-conselho (principalmente de brasileiros e uns que nem conhecem o Canadá)
“Mas porque você vai voltar? Ah, se eu fosse você ficava…” E geralmente tenho
respondido esta pergunta com outra: “Por que eu deveria ficar?”
O objetivo aqui não é entrar
na seara politica, econômica ou educacional. Não é comparar Brasil e Canadá;
Rio de Janeiro e Vancouver; São Paulo e Toronto. Muito menos elucubrar como
seriam os Jogos Olímpicos na Suíça ao invés de no Brasil.
O objetivo aqui é dizer que
nem sempre a grama do vizinho é tão mais verde quanto parece. E que muitas
vezes no jardim alheio tem lindas rosas colombianas vermelhas, mas que no seu
tem flores miúdas de dama da noite que perfumam todo a vizinhança.
Temos o hábito pouco
saudável de achar que tudo relacionado ao outro é sempre melhor! E parte das
reflexões que tenho lido sobre os Jogos Olímpicos me fazem ter ainda mais
certeza disso…
O namorado da fulana é tão
carinhoso, lindo, educado e apaixonado…
O beltrano tem o trabalho
dos sonhos. Ganha uma grana e ainda viaja bastante…
Olha a ciclana…tem tantos
amigos, sempre saindo, se divertindo e ainda é linda e sarada…E com isso
entramos num ciclo vicioso de comparação, tortura e sofrimento sem fim…
Porque é muito bonito
assistir um “espetáculo” sentado na platéia, sem ter a menor noção do que está
acontecendo nos bastidores.
Porque tudo depende do
ponto de vista, do ângulo, da perspectiva e do “peso” que a gente quer dar para
cada coisa.
Há uns dias atrás o
Facebook me trouxe a memória de algo que postei em 2010 e que agora pego
emprestado novamente porque serve muito bem para este texto, para o nosso
momento Olimpiadas: “…um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de
histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés,
para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e
dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor…Sentir a distância e o
desabrigo para estar bem sob o próprio teto.”
Tá lindo sim e mesmo daqui
de longe eu estou sentindo o cheiro da dama da noite no ar!
PS: Créditos do trecho citado: Mar sem Fim, de Amyr Klink.
Se cuida e Let it be!
Obrigado pelo texto tao sincero e direto no ponto.
ResponderExcluirLembro da mulher que conheci,
Imagino a que voltará.
Abençoada seja, querida Lilian.
Gideon
Espero que melhor... Vamos torcer! ;)
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