sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Será que a grama do vizinho é mais verde mesmo?


Quem vive no Rio de Janeiro já está respirando esta atmosfera de Jogos Olímpicos há um bom tempo, principalmente a parte chata e incômoda (mas necessária) das obras. É aquela história de que todo mundo adora uma casinha reformada, novinha, bem decorada, mas estar ali “comendo poeira” todo dia enquanto a reforma acontece, não é mole não.

Mas mesmo “comendo poeira” eu ficava feliz quando via as obras tomando forma; triste quando ouvia histórias de atrasos, problemas e riscos de descumprimento de prazos e muito animada quando me candidatei para ser voluntária nos jogos. Sabia que seria uma grande festa!

E porque a vida acontece e a gente não tem o controle de tudo (e eu não gosto muito disso, bato no peito e confesso, porque sou uma controladora em tratamento), esta viagem acabou esbarrando no período dos Jogos Olímpicos e estou acompanhando a festa de longe (#invejabrancadequemestala).

Pois bem… Tem quem gosta, quem odeia. Tem quem mete o pau e tem quem elogia. Têm os mais sensatos, os reflexivos e têm aqueles que misturam lé com cré. Tem de “um tudo” minha gente e eu bem queria estar lá no “olho do furacão”, mas não estou e como tudo, isto também tem um lado bom.
E o bom é poder olhar de fora, um olhar estrangeiro, forasteiro. Um olhar justo, crítico, mas ao mesmo tempo generoso e sem ranço. Um olhar (quase) isento!

Por aqui estamos em pleno verão!
Sol, camiseta, praia, pernocas de fora, biquini e sunga tirados do fundo do armário. Luz do sol até nove da noite, muitos sorrisos pela rua e leveza no ar…
Pode parecer pouco, pra gente que tem isto o ano todo, mas é muito, muito importante para quem convive com o frio ¾ do ano.

É uma época linda! Cinema ao ar livre; eventos de música; picnic no parque… Todos que estavam hibernando acordam, inclusive os sonhos, os planos, a esperança. 
As pessoas sorriem mais, se encontram mais, se alegram com muito menos. É a vitamina D em ação!

Tenho escutado muito uma frase-conselho (principalmente de brasileiros e uns que nem conhecem o Canadá) “Mas porque você vai voltar? Ah, se eu fosse você ficava…” E geralmente tenho respondido esta pergunta com outra: “Por que eu deveria ficar?”

O objetivo aqui não é entrar na seara politica, econômica ou educacional. Não é comparar Brasil e Canadá; Rio de Janeiro e Vancouver; São Paulo e Toronto. Muito menos elucubrar como seriam os Jogos Olímpicos na Suíça ao invés de no Brasil.
O objetivo aqui é dizer que nem sempre a grama do vizinho é tão mais verde quanto parece. E que muitas vezes no jardim alheio tem lindas rosas colombianas vermelhas, mas que no seu tem flores miúdas de dama da noite que perfumam todo a vizinhança.

Temos o hábito pouco saudável de achar que tudo relacionado ao outro é sempre melhor! E parte das reflexões que tenho lido sobre os Jogos Olímpicos me fazem ter ainda mais certeza disso…
O namorado da fulana é tão carinhoso, lindo, educado e apaixonado…
O beltrano tem o trabalho dos sonhos. Ganha uma grana e ainda viaja bastante…
Olha a ciclana…tem tantos amigos, sempre saindo, se divertindo e ainda é linda e sarada…E com isso entramos num ciclo vicioso de comparação, tortura e sofrimento sem fim…

Porque é muito bonito assistir um “espetáculo” sentado na platéia, sem ter a menor noção do que está acontecendo nos bastidores.
Porque tudo depende do ponto de vista, do ângulo, da perspectiva e do “peso” que a gente quer dar para cada coisa.

Há uns dias atrás o Facebook me trouxe a memória de algo que postei em 2010 e que agora pego emprestado novamente porque serve muito bem para este texto, para o nosso momento Olimpiadas: “…um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor…Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.”


Tá lindo sim e mesmo daqui de longe eu estou sentindo o cheiro da dama da noite no ar!


PS: Créditos do trecho citado: Mar sem Fim, de Amyr Klink.


Se cuida e Let it be!




2 comentários:

  1. Obrigado pelo texto tao sincero e direto no ponto.

    Lembro da mulher que conheci,

    Imagino a que voltará.

    Abençoada seja, querida Lilian.

    Gideon

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