quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Óh céus, óh vida, óh azar... isso não vai dar certo!


Não sou daquelas que fantasia um mundo cor de rosa, acredita em conto de fadas e varinha de condão, não sou mesmo! Mas também não acho que o mundo é cruel e as pessoas tem um plano maquiavélico para sacanear quem quer que seja.
Não sou adepta aos extremos e se tem uma coisa que me incomoda é gente pessimista, negativa, gente que já levanta da cama “derrotada”.

Sabe aquela pessoa que tudo, absolutamente tudo (de “ruim”) acontece com ela? E se não acontecer ela vai dar um jeito para que aconteça... Lembra do desenho do Lippy & Hardy onde a hiena Hardy sempre dizia: óh céus, óh vida, óh azar...isso não vai dar certo!!!! É bem esse tipo de gente, com a síndrome da nuvem negra. É a certeza de que tudo vai dar errado para ela, coitadinha!

Está sempre cheia de ziquezira; o pneu do carro vai furar; a amiga vai sacanear; vai chover exatamente no dia em ela saiu sem o guarda chuvas. O namorado vai trair; o emprego legal não vai sair; a viagem que tinha tudo para ser maravilhosa vai ser um desastre. Tantos planos, tantas ideias, tanta dedicação, mas nada funciona pra ela, coitadinha de novo e de novo e de novo.

Não vou entrar aqui no mérito e falar sobre crenças e profecia auto realizadora, mas se você é um destes exemplares (desculpe pelo mau jeito, mas penso isso de verdade!) ou convive de perto com algum, sabe que quando uma m... dessas acontece (porque vai acontecer para mim, para ela e para você) existe quase uma comemoração, um “yes, eu sabia” seguido de um sorrisinho de canto de boca. Então o Universo agradece e faz mais uma, para mostrar o quanto ele entende e atende você.

É claro que todo mundo passa por fases mais difíceis, mais sensíveis, mais complicadas, onde não conseguimos ter muita clareza nem mesmo para separar a realidade da ficção. Mas para alguns deve ter algo de glamoroso viver sob a penumbra, imerso no ar pesado, atolado na lama.

Conheço dois antídotos testados e comprovados (dicas do Let it be). Um deles é contar uma história ainda pior que a do “azarado” do tipo: “ah, que sorte a sua, pelo menos ele não te traiu com a sua melhor amiga, como aconteceu comigo”! E o outro é contar uma história de superação, de força, de vitória, mesmo diante das adversidades da vida. O objetivo é deixar o sujeito (ou a sujeita) com vergonha do seu “probleminha” e ver se a pessoa “acorda para a vida” e para de “mimimi”.

Durante minha passagem por Boston, conheci uma história que vai entrar para o meu arsenal de historias para espantar os “Hardy” da vida...
Maria de Fátima ou se preferir Maria Connor, 70 anos, funcionária de um dos Museus mais importantes de Boston. Em 5 minutos ela puxou minha orelha porque eu não tinha guardado a mochila, descobriu que eu sou brasileira e viramos melhores amigas. Metade do tempo que eu tinha reservado para visitar o museu, “gastei” com ela, muito bem gastos por sinal.

Há 10 anos ela foi despretensiosamente para o casamento da filha, gostou do lugar, resolver ficar um pouco... Não falava uma palavra em inglês, mas resolveu trabalhar para aprender; começou a ganhar dinheiro e resolver trabalhar mais, resolveu recomeçar a vida por lá. Aos 60 anos tinha 3 trabalhos e ainda estudava inglês quando chegava em casa, porque ela era obstinada (palavras dela). Viúva, queria alguém para compartilhar a vida, começou a namorar, se casou. Tudo isso em 1 ano... Só 1 ano? Sim, mas intenso, de dedicação, de persistência, de “mangas arregaçadas”, sem tempo para óh céus, óh vida, óh azar... isso não vai dar certo!!!!

Hoje ela tem uma família (o marido e dois cachorros); hoje ela tem um trabalho que adora; hoje ela fala inglês; hoje ela é uma cidadã americana com o calor, o sorriso e a simpatia brasileira. E quando ela me abraçou no final do papo e me disse para visitá-la na próxima vez que eu for à Boston eu senti uma alegria imensa de ter conhecido a Maria e de uma forma mínima que seja, agora fazer parte desta linda história de vida. Muito prazer Maria! See you soon!

PS: Esta foto tirei na entrada do Museum of Fine Arts, Boston!


Se cuida e let it be!



4 comentários:

  1. Ser sempre "do contra" insistindo em falar a verdade funciona muito pra espantar os mimizentos. Eles param de choramingar só pra não ter que ouvir o que não querem! Rsrs

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    1. Muito bom Tati! No mínimo a gente mata eles de raiva! ;)

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  2. A vida simplesmente "acontece" para quem está aberto a aprender, crescer, mudar, viver! Principalmente aos que enxergam oportunidades no lugar de problemas. Ela poderia ter tido um destino bem diferente se, por exemplo, acreditasse que estava velha demais para aprender um novo idioma, encontrar um trabalho em outro país, encontrar um amor... Amei a história da Mary! <3

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    1. Pois é Lê, eu que gosto pouco de histórias, também amei a história da Maria, um exemplo de obstinação! E boa deixar a vida "acontecer" porque ela tá doidinha pra se encher de maravilhas! <3

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